Não Acredito Em Templos!
Uma vez perguntaram a Jesus onde era o lugar
correto para se adorar a Deus. Quem fez essa pergunta foi uma mulher,
samaritana, que não pertencia à “religião oficial” da época.
Os judeus consideravam os samaritanos idólatras e impuros. Ela tão
pouco teria, aos olhos dos moralistas, uma vida “santa” e
“irrepreensível” para se aproximar e fazer tal questionamento ao
Senhor, pois se tratava de uma mulher que já havia passado por cinco
casamentos e o atual marido, bem… não era de fato marido dela. Um
escândalo até mesmo para os discípulos de Jesus que achavam
inapropriada aquela conversa.
A resposta de Jesus foi simples: sugerindo não se
tratar do lugar físico/geográfico. A adoração a Deus deve ser
pessoal, interior, espiritual e sincera.
A primeira coisa que salta aos olhos de quem lê o
relato completo do Novo Testamento é que Jesus quebra muitos
paradigmas, a começar por tirar da religião e do templo a
exclusividade da mediação e do relacionamento com Deus. Nossa
oração e adoração não dependem de um altar construído para
serem ouvidas. O altar, o templo, o lugar de culto é o próprio
coração.
A segunda coisa é que, diferentemente da
tendência da religião de dizer quem é puro ou não, quem é mais
especial, Deus não nos avalia por questões meramente morais ou
sociais. Foi Jesus mesmo quem disse que prostitutas e corruptos
poderiam ser mais dignos de entrar no Reino de Deus do que alguns que
se consideram exclusivamente santos, mas vivem de forma hipócrita
(Mateus 21.31).
O encontro com Deus é transformador, sim. E
radical. Mas nem por isso acontece somente nos ambientes ou dias
santificados pela igreja ou pelas religiões dos homens.
Particularmente não acredito em templos ou em religiões como
lugares e entidades sagrados em si mesmos. Acredito no Deus que não
cabe dentro das religiões, não é totalmente explicado pela razão
humana, ri dos tratados teológicos, não se detém nos limites
impostos pelas tradições vazias. Ele conversa com ateus, pagãos e
também faz amizade com quem é considerado “afastado de Deus”.
Deus é maior do que a própria Bíblia ou qualquer outro livro
sagrado. Livros são confissões humanas, limitados, mas a Palavra de
Deus é eterna e pode ser escrita até mesmo nos corações de quem
não sabe ler, de quem não tem acesso ao papel.
O Deus apresentado por (e em) Jesus é o Deus que
ama até as últimas consequências, que entende a aflição humana,
se comunica multiformemente, que se compadece ao invés de condenar.
É o Deus que tem mais prazer na reconciliação do que na condenação
e não leva em conta o tempo da ignorância.
“Misericórdia quero” é o que Deus grita
enquanto a religião vocifera “morte aos impuros”.
Vejo uma multidão esquecida, adoecendo nos
arredores da igreja. É gente que não encontrou abrigo, não foi
acolhida, foi expulsa e considerada “fora dos padrões”. Muitas
vezes projetamos no outro o santo que não conseguimos ser e dizemos
“enquanto você não se tornar como um de nós, não será aceito
em nosso meio”. Muitos, a partir desse ponto, decidem viver uma
vida apenas de aparências, sem transformação real, simplesmente
para serem “aceitos”.
Nos esquecemos que quem santifica e transforma é
Deus e não nossas imposições, arrogâncias e externalidades. É a
caminhada, o dia a dia, que vai nos tratando, curando, limpando as
feridas, trabalhando e completando a obra de Deus em nós. Não é no
tempo que queremos, mas na compreensão e confiança de que quem
opera tanto o querer como o realizar é Deus.
Neste sentido, até mesmo numa conversa de mesa de
bar, Deus pode operar com graça, curar e inflamar corações
cansados e sobrecarregados. Por que não? Os religiosos de hoje
torcerão o nariz da mesma forma como fizeram os fariseus do tempo de
Jesus, quando o acusaram de andar com pecadores. Mas Deus trabalha
sem se importar com o que falam. Enquanto uns ordenam, outros
decretam e outros ainda profetizam suas impressões puramente carnais
e humanas, o Senhor vai dando vista aos cegos e ouvidos aos surdos
que estão fora dos domínios dos templos.
Nenhuma religião é dona de Deus. Nenhum
sacerdote é detentor exclusivo da voz de Deus. Nada que não se
pareça com o amor ou com o espírito de Jesus pode ser chamado de
Evangelho ou Bíblico, ainda que dito e ordenado pelas grandes
instituições religiosas. Pense nisso!
Fonte: http://ovelhamagra.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário