Feridos na igreja
Acredito que todo mundo que frequenta uma igreja
ou já a frequentou, em algum momento se decepcionou com as pessoas. Quem sabe
você pode até se identificar com o que vou dizer. Sei que nem todos gostarão
dessa mensagem porque o confronto sempre dói. Pelo menos doeu em mim, mas
também sei que Deus corrige a quem ama. Cada um sabe do nível de profundidade
de sua ferida, mas se quisermos prosseguir na nossa jornada cristã, em uma vida
eterna com Deus começando aqui na terra, precisamos nos voltar para sua Palavra
e sermos curados.
É terrível como o coração doente pode contaminar
outros saudáveis de todas as formas possíveis: facebook, fofocas ou pelo
contrário, pelo isolamento das pessoas, da vida. Mas Deus quer nos sarar, Deus
quer fazer algo novo e deixar que nossos próprios olhos vejam sua novidade de
vida para nós. Lembro-me que congreguei em uma igreja por um longo tempo. Nessa
igreja tive muitos momentos bons, mas muitos ruins também. Planejava ficar lá
para sempre e quem sabe, se eu tivesse filhos, que eles fossem amigos dos meus
“amigos”. Tinha muitos sonhos e criei todo um futuro cor-de-rosa, uma vida
futura para mim nessa igreja.
Entretanto, descobri que nem todos eram meus
amigos. Vi-me como Davi em Salmos 41.9. Infelizmente, a consideração que tinha
pelas pessoas não era recíproca. Claro que não eram todos, havia pessoas
especiais que eu queria estar ao lado para sempre e que sei que me amavam.
Estava tão ferida que me sentia a única vítima. Fiz tantas perguntas para Deus,
vivia num conflito sem fim, argumentava tudo o que podia até que decidi sair de
lá por um tempo para me curar e viver a vontade de Deus. Imagine, como viver a
vontade de Deus se eu estava resistente ao que Ele queria me ensinar? Parecia
loucura, mas enfim, eu só queria entender o que estava acontecendo, mas Deus
queria algo mais: sarar minha ferida.
Saí daquela igreja e passei a frequentar outra,
onde fiquei tempo suficiente para perceber que Deus estava sendo bom comigo,
abençoando com pessoas maravilhosas que gostavam de mim, que se preocupavam comigo,
que acreditavam em mim. Mas o tempo foi passando e chegou a hora de voltar.
Esse pensamento “maluco” me perseguiu por longo tempo, até que não encontrei
outro jeito a não ser voltar, acertar com quem fosse preciso para
prosseguir e sonhar de novo as coisas de Deus para mim.
Nesse doloroso processo, Deus me ensinou algumas
coisas:
- Prestaremos contas das nossas obras para Deus,
sejam elas boas ou não, e isso inclui quem nos feriu e também nós.
- Eu não precisava viver com medo do passado. Não
é por que as coisas não foram como planejei que tudo estava acabado. Deus é
soberano e a palavra final sobre minha vida não vem dos homens, vem Dele. Ele é
meu futuro. - Melhor é o final das coisas do que o princípio (Ec 7.8). Devo me
preocupar em como tudo termina, porque essa é a lembrança que ficará. - Deus
resiste ao orgulhoso, porque é pecado, e o pecado nos separa de Deus. Seja
humilde, reconheça onde você errou e Deus dará sua graça (Tiago 4.6).
- Desejar a reconciliação. Orava sempre pedindo
uma oportunidade para me acertar com as pessoas que eu me sentia em
falta. Desejava tanto isto que não importava mais nada em minha vida a
não ser este momento. Essa experiência trouxe para mim um verdadeiro
arrependimento que não me recordo de ter tido outras vezes. Arrependimento pelo
tempo que perdi por achar era a certa, por Deus ter ficado triste com aquela
situação tanto quanto eu. Não vale a pena viver o peso da decepção. Não vale a
pena levar tudo sobre si, se temos Jesus, aquele que tem um fardo mais leve para
nos dar.
Eu sentia que Deus não se importava comigo. Mas
Ele me amava e ama, como também amava e ama aquelas pessoas, mesmo sendo
falhos, Ele nos ama. Ele me fez, permitiu aquela circunstância para me
ensinar que as pessoas falham e que Ele continua sendo Deus. Deus me ensinou
para onde devo levantar meus olhos, quando me decepcionar. A igreja não é um
local de santos e sim pecadores que se juntam para buscar a Deus. Tornamos-nos
santos pelo que Jesus fez, não pelo que fazemos na nossa força.
A igreja é feita de pessoas e assim como os
outros falham, nós também falhamos. Também tenho minhas manias, erros, e
preciso buscar melhorar, ser uma pessoa melhor. Não posso exigir do outro o que
não posso dar. O texto de Mateus 5.24 diz sobre a importância da reconciliação.
Se eu quero a bênção do Senhor sobre mim, tenho que me acertar com meu irmão.
Por mais doloroso que seja, é melhor obedecer à Palavra do que viver uma vida
infeliz e no engano, se convencendo de que tudo está bem.
Deus falou ainda ao meu coração sobre a passagem:
“Vá e volte onde caiu e se arrependa” (Ap 2.5). Lembro que quando pensei em
voltar, o primeiro pensamento que tive foi: “E se eu me ferir de novo?”;
“O que as pessoas vão pensar de mim?”. O diabo sempre vai jogar sujo para
impedir que você obedeça a Deus. Aprendi que devo olhar para as pessoas como
Deus olharia. Deus acredita em nós, em quem podemos ser Nele. Ele sabe que
vamos falhar, mas ainda escolhe nos amar. A bênção está onde há comunhão
(Salmos 133). Quando temos a comunhão, a unção de Deus flui da cabeça aos pés.
Nossa vida flui. Na comunhão o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.
Nenhuma literatura, mídia, ritual, remédio, por
melhor que seja, vai curar a sua dor. Esse poder Deus deixou somente na Sua
palavra e na oração que você faz a Ele. Não podemos mudar as pessoas. Mas
podemos buscar aquele que pode. Aquilo que nos uniu na fé, deve ser maior do
que aquilo que nos separa.
:: Jaqueline Sales – Colaboradora do Portal
Lagoinha.com